Ambula

Senhora idosa sentada no sofá da sua sala a fazer crochet e na companhia do seu gato

Animais de companhia para idosos: O melhor amigo na terceira idade

Há momentos na vida em que a casa fica mais silenciosa do que gostaríamos. Os dias tornam-se mais longos, as rotinas mais leves… e a presença de alguém faz falta.

 

Um cão que abana a cauda quando nos vê, um gato que adormece ao nosso lado no sofá, um passarinho que anima a manhã com o seu canto. É muitas vezes aqui que entra um animal de companhia, não como substituto de pessoas mas, como um amigo que preenche espaços com carinho, companhia e pequenas alegrias diárias. Trazem vida à casa, criam rotinas, acalmam ansiedades e fazem-nos sentir vistos, acompanhados e importantes.

 

Para muitos idosos, um animal de estimação não é só companhia: é um motivo para sorrir, para se mexer, para conversar, para continuar ligado ao mundo. E é dessa relação tão especial e tão humana que vamos falar.

Pontos-chave do artigo

  • Os animais ajudam a reduzir a solidão, trazer companhia e dar novo propósito ao dia
  • Estudos mostram melhorias na saúde mental, no bem-estar emocional e até na função cognitiva
  • Certos cães e gatos são mais adequados ao ritmo e às necessidades dos idosos
  • A adoção de animais adultos é uma opção segura e muito vantajosa para seniores
  • Terapias assistidas com animais mostram resultados promissores em lares e instituições
  • O artigo explica como escolher o animal ideal, cuidados básicos e como superar desafios.

A Importância dos animais de companhia na terceira idade

Portugal: um país onde os animais fazem parte da família

Portugal é, literalmente, um país de patudos. Um estudo europeu citado pelo Idealista, em 2025, coloca Portugal entre os países com mais cães por família, estimando que 39% dos lares têm pelo menos um cão. Estes números mostram como os animais fazem parte da vida da maioria das famílias portuguesas.

 

E, entre esses lares, muitos são casas de seniores, sozinhos ou em casal, que encontram nos animais de estimação uma forma de preencher o dia com afeto e presença.

Uma relação emocional difícil de comparar

Os animais não fazem perguntas difíceis, não julgam, não cobram. Estão simplesmente lá. Essa presença constante e não crítica é especialmente importante em fases da vida em que:

 

  • Há menos contactos sociais
  • Se perde um cônjuge ou amigos próximos
  • A mobilidade começa a limitar saídas e atividades.

A presença de um animal pode atenuar sentimentos de solidão em adultos mais velhos, sobretudo naqueles que vivem sozinhos. Um estudo clássico de Stanley e colegas concluiu que os donos de animais tinham menos 36% probabilidade de se sentirem sós face a quem não tinha qualquer animal.

Viver mais no “aqui e agora”

Há uma ideia bonita partilhada por vários psicólogos: os animais vivem no presente. Não estão preocupados com o próximo mês, nem com o que aconteceu há cinco anos. Para muitos seniores, conviver diariamente com esse “aqui e agora” ajuda a aliviar a ansiedade e a focar-se mais no que é possível viver hoje.

10 Benefícios dos animais de companhia para idosos

Quando falamos em benefícios dos animais de companhia, não falamos apenas de “é giro ter um cão”. Falamos de efeitos reais em três níveis: emocional, físico e social.

1. Menos solidão, mais companhia

Um cão, um gato ou outro animal para a terceira idade não substitui pessoas, mas preenche muitos espaços vazios. Há alguém a quem dizer “bom dia”, alguém que repara quando o tutor chega a casa, alguém com quem se cria uma rotina de afeto.

2. Mais estabilidade emocional

Muitos idosos contam que o seu cão ou gato foi fundamental para atravessar lutos, divórcios ou períodos de doença. Estudos qualitativos com seniores mostram descrições fortes: “é família”, “é vida”, “é quem me dá alegria”, exatamente aquilo que também aparece em investigações feitas com idosos portugueses que vivem com cães.


Na prática, o animal de estimação combate a depressão ao oferecer presença diária, rotina e afeto consistente.

3. Rotinas mais saudáveis (sem grandes complicações)

Dar de comer, encher a taça de água, abrir a janela para o gato apanhar sol, descer à rua com o cão. Sem que a pessoa dê por isso, o dia passa a ter:

 

  • Horas para cuidar do animal
  • Movimentos obrigatórios (mesmo que pequenos)
  • Uma sensação de “tenho alguém que depende de mim”.


Essa estrutura é valiosa para quem, depois da reforma, sente que os dias ficaram todos iguais.

4. Mente e corpo mais ativos

Passear um cão, brincar com um gato, lembrar-se das horas da medicação do animal ou da consulta no veterinário tudo isto estimula corpo e cérebro.


Estudos, como o famoso Baltimore Longitudinal Study of Aging, encontraram ligações entre ter animais (sobretudo cães) e melhoria da função cognitiva, especialmente entre pessoas que também os passeavam regularmente.


Ou seja, ter um cão de companhia e fazer pequenos passeios pode ajudar não só o coração, mas também a cabeça.

5. Menos stress, mais tranquilidade

Acariciar um animal está associado à redução do ritmo cardíaco e à libertação de serotonina, dopamina e oxitocina, as chamadas “hormonas do bem-estar”.


Não é coincidência: pessoas mais velhas com animais tendem a relatar menos stress e maior sensação de calma. É aqui que faz todo o sentido falar em benefícios de ter um cão ou gato, sobretudo para quem vive períodos de maior ansiedade.

6. Incentivo a sair de casa

Mesmo quem não gosta muito de “andar na rua” acaba por sair porque o cão precisa. Um passeio curto ao quarteirão já conta como atividade física ligeira e, muitas vezes, abre espaço para contactos informais com vizinhos ou outros donos.


Praticar mais minutos de atividade física moderada ao longo da semana é algo essencial na prevenção de doenças cardiovasculares e na manutenção da mobilidade na terceira idade.

7. Mais interação social

Os animais são um ótimo quebra-gelo. Um cão simpático é um convite à conversa, um gato curioso rende histórias, um pássaro falador anima qualquer visita. Para além da companhia que fazem também se tornam temas de conversa, quer em parques, quer em idas ao veterinário.

8. Maior sensação de segurança

Para quem vive sozinho, mesmo um cão de pequeno porte pode fazer toda a diferença: ladra a estranhos, reage a barulhos fora do normal, “avisa” o dono. A sensação de que a casa está menos vulnerável acalma muitos medos noturnos.

9. Um propósito renovado

Cuidar de um animal é muito mais do que um hobby. É uma responsabilidade real e diária. Sobretudo quando se adota um animal que vem de um abrigo, há uma forte percepção de “dei uma nova vida a este ser” e isso reforça o sentido de propósito, numa fase em que muitos já não têm trabalho nem filhos em casa.

10. Um compromisso afetivo muito especial

Quem tem um animal sabe: a ligação profunda que se cria. Essa relação de troca “ eu cuido de ti, tu fazes-me companhia” é, em si mesma, terapêutica. Por isso se fala tanto em animais de companhia na terceira idade como aliados do envelhecimento positivo.

Benefícios cientificamente comprovados

A literatura científica mostra que os animais estimação podem contribuir para:

 

Claro que não é “milagre”, mas está longe de ser só coincidência.

Cães para idosos: Que perfis funcionam melhor?

O perfil do idoso vai ajudar a perceber qual é o cão mais indicado para lhe fazer companhia. Exige ponderação: tamanho, energia, facilidade de cuidado… tudo conta.

Cães de pequeno porte

Ideais para apartamentos e tutores com menos mobilidade.

 

  • Maltês: dócil, muito carinhoso e pouco exigente
  • Poodle Toy/Miniatura: inteligente, hipoalergénico e fácil de treinar
  • Shih Tzu: calmo, dedicado e perfeito para interiores
  • Pug: divertido mas tranquilo, adapta-se facilmente
  • Yorkshire Terrier: atento e protetor, mas leve e dócil.

Cães de porte médio

Para quem consegue manter caminhadas regulares.

 

  • Cavalier King Charles Spaniel: afetuoso e excelente companhia
  • Boston Terrier: simpático, limpo e pouco exigente
  • Bulldog Francês: grande coração, pouca necessidade de exercício.

Cães mais ativos (para seniores mais dinâmicos)

Para seniores dinâmicos que gostam de movimento.

 

  • Basset Hound: calmo, mas precisa de pequenas caminhadas
  • Beagle: energético, curioso e muito sociável.
Senhora idosa no jardim da sua casa com um gato ao colo

Gatos para idosos: uma opção prática e afetuosa

Para quem prefere menos exigência física mas muita companhia, os gatos para idosos são um verdadeiro tesouro.

 

São animais independentes, mas que criam laços fortes e rotinas: aparecem à hora da comida, procuram o colo em certos momentos, acompanham discretamente o dia. Um gato de pelo curto, adulto e com temperamento calmo pode ser um animal de estimação perfeito para quem:

 

  • Vive num apartamento
  • Não pode fazer caminhadas diárias
  • Quer companhia, mas com menos exigência física.

Outras opções de animais de companhia

Nem sempre um cão ou gato é viável. Nesses casos, há outras opções de animais companhia idosos:

 

  • Peixes (efeito relaxante, quase meditativo ao observar o aquário)
  • Pássaros (alegria sonora e interação diária)
  • Porquinhos-da-índia ou coelhos (afetuosos, mas exigem algum espaço e limpeza).

O importante é escolher um animal compatível com a energia, o espaço e a capacidade de cuidado do sénior.

Como escolher o animal certo na terceira idade?

Antes de dar o passo, vale a pena refletir sobre estas perguntas:

 

  • Quanta atividade física o idoso consegue fazer?
  • Vive numa casa térrea ou num 3.º andar sem elevador?
  • Tem alguém que possa ajudar em caso de doença?
  • O orçamento permite alimentação de qualidade e cuidados veterinários?
  • Prefere um animal mais calmo ou mais brincalhão?


Responder a estas questões ajuda a perceber se faz mais sentido um cão, um gato, outro animal ou até nenhuma adoção. No entanto, existem outras alternativas, seja o contacto regular com animais terapêuticos em programas específicos ou visitas a familiares/amigos com animais.

Adotar em vez de comprar: uma escolha consciente

Em muitos casos, adotar animal idoso ou adulto é uma escolha ainda mais ajustada à realidade da terceira idade:

 

  • O animal já está mais calmo
  • A personalidade é conhecida
  • Muitas vezes já vem esterilizado, vacinado e habituado a viver em casa.


Para o sénior, é mais fácil integrar um animal com ritmo estável. Para o animal, é literalmente a oportunidade de uma nova vida.

O que é a terapia assistida por animais (TAA)?

A terapia assistida por animais (TAA) é muito mais do que “levar um cão ao lar para animar os residentes”. É uma intervenção estruturada, feita por profissionais de saúde ou da área social, em que o animal, normalmente um cão treinado, faz parte ativa do processo terapêutico. Existem até termos mais abrangentes, como Intervenções Assistidas por Animais (IAA), que incluem terapia, atividades e programas educativos com animais.

Benefícios para idosos em lares e hospitais

Quando falamos de idosos institucionalizados, seja em lares, residências sénior ou unidades de convalescença, a TAA pode ser um verdadeiro “abre-portas” emocional. Sessões regulares com cães de terapia em lares portugueses têm mostrado, na prática, benefícios como:

 

  • Maior participação em atividades
  • Mais interação entre residentes
  • Diminuição da apatia
  • Mais sorrisos e expressões de afeto
  • Reduz o stress
  • Melhora o humor
  • Estimula a memória
  • Incentivam o movimento.

Algumas residências sénior em Portugal já assumem uma filosofia pet-friendly, ou desenvolvem programas pontuais com sessões de terapia assistida por animais, precisamente porque percebem que a presença de um cão ou gato muda o ambiente: quebra o gelo, aproxima pessoas e transforma um dia igual a tantos outros em algo de que os residentes se lembram.

Impacto em depressão, ansiedade e Alzheimer

Em termos emocionais, os efeitos da TAA em seniores com depressão ou ansiedade são consistentes: níveis de stress mais baixos, maior sensação de calma e um aumento claro do bem-estar. Revisões internacionais mostram que a presença estruturada de animais em contexto terapêutico está associada a:

 

  • Redução de sintomas depressivos
  • Menor ansiedade
  • Melhor humor e maior motivação para participar em atividades.

No caso de demência ou Alzheimer, não estamos a falar de “cura”, mas de qualidade de vida. Em lares e centros de dia, as sessões com cães têm sido usadas para:

 

  • Estimular memórias antigas através de histórias ligadas a animais
  • Promover o contacto visual e o toque
  • Incentivar movimentos simples (escovar, acariciar, atirar uma bola)
  • Criar momentos de conexão emocional num dia que, por vezes, é muito confuso para a pessoa.

Muitos profissionais relatam algo que não aparece nos gráficos, mas que é talvez o mais importante: há residentes que quase não reagem a ninguém, mas respondem ao cão. Olham, tocam, sorriem. E esse pequeno gesto já é uma enorme vitória.

Programas existentes em Portugal

Em Portugal, começam a surgir cada vez mais projetos organizados de terapia assistida por animais e atividades assistidas por cães focados no bem-estar emocional, social e cognitivo, incluindo de pessoas idosas. Alguns exemplos que podes referir no artigo (sem fazer “lista oficial”, mas como ilustração) são:

 

  • Pets4People: projeto sediado na zona de Lisboa que desenvolve Intervenções Assistidas por Cães, com foco em questões psicológicas e emocionais. Trabalham em contexto terapêutico (TAA), atividades assistidas e programas específicos, como o apoio ao luto pela perda de um animal de companhia ou o programa para superar o medo de cães
  • ÂNIMAS: associação que promove Intervenções Assistidas por Animais com equipas certificadas (humano + cão), em escolas, instituições, hospitais e lares, com objetivos claros de inclusão, bem-estar e desenvolvimento de competências
  • Kokua: desenvolve Serviços Assistidos por Animais, incluindo tratamentos, educação assistida e programas de apoio, com cães treinados para trabalhar em contexto terapêutico e educativo.

Cuidados veterinários ao domicílio

Um tema que muitas vezes trava a decisão é: “E se eu não conseguir levá-lo ao veterinário?”.
Hoje, existem cada vez mais serviços de cuidados veterinários domicilio que:

 

  • Fazem consultas em casa
  • Tratam de vacinas e desparasitações
  • Podem fazer pequenas análises
  • Em alguns casos, até banhos e tosquias.

Para seniores com mobilidade reduzida, é uma solução que reduz esforço e stress, tanto para o tutor como para o animal.

Quando surgem desafios (e como os superar)

Nem tudo são rosas, e é importante ser honesto:

 

  • custos financeiros (alimentação, veterinário, eventuais seguros)
  • esforço físico (limpar, passear, organizar a casa)
  • Há a questão do “e se eu já não conseguir cuidar dele?”.


Por isso, antes de avançar, é útil combinar um plano com família ou amigos: quem pode ficar com o animal se for necessário? Há possibilidade de apoio de vizinhos ou passeadores? Existe alguma associação com programas de apoio?


O mais importante é evitar situações de abandono e garantir o bem-estar de ambas as partes, tanto do idoso como do animal.

O Impacto na qualidade de vida

Ao longo do artigo já fomos compreendendo a importância que estes animais apresentam na vida do idoso. No entanto, nada melhor do que ver alguns testemunhos reais.

Recursos úteis

📺 Para ver e saber mais

Alguns exemplos reais de programas e histórias em que animais de companhia fazem a diferença no dia a dia de pessoas idosas em Portugal.

A verdade é simples: os animais trazem vida para dentro de casa. Fazem rir, acalmam, aproximam famílias e recordam-nos que ainda temos muito para dar. Para muitos idosos, são mais do que companhia, são o abraço silencioso que faz falta nas pequenas horas do dia.

Os conteúdos deste blog são informativos. Não substituem diagnóstico ou tratamento médico. Consulte sempre um profissional de saúde.

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