médico a segurar um esquema de cérebro

Pessoas com AVC: como apoiar e adaptar a vida após o acidente

É uma das principais causas de morte em Portugal. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) não só transforma profundamente a vida de quem sofreu como também a dos seus familiares. Nem todos os AVC’s são iguais e os efeitos físicos, emocionais e sociais variam de pessoa para pessoa, mas com apoio, adaptação e acompanhamento adequado, é possível recuperar qualidade de vida. Se procura informações sobre este tema, este artigo é para si. Pontos-chave do artigo O que muda na vida de quem sofreu um AVC Necessidades físicas e emocionais após o AVC Adaptação da casa e rotinas para maior autonomia Sintomas de AVC: os 5 F’s a memorizar Fatores que podem causar um AVC Como agir em caso de novo AVC Tipos de AVC e respetivos tratamentos Apoio psicológico e o papel da família Testemunhos reais de superação. O que muda na vida de quem sofreu um AVC? É necessária uma adaptação, sofrer um AVC é uma grande mudança. O dia a dia torna-se mais desafiante, seja porque as pessoas que o enfrentam podem sofrer alguma limitações na fala, movimentos, memória ou na visão. Há pessoas em que estas alterações são temporárias e outras em que estas podem tornar-se permanentes e exigem que se passe por um processo de aprendizagem em tarefas como: vestir-se, preparar refeições ou até mesmo comunicar.   Estas mudanças vão além do corpo: a rotina familiar, os papéis sociais e até a autoconfiança da pessoa podem ser profundamente afetados. Necessidades físicas e emocionais após um AVC Sofrer um AVC pode representar, para muitas pessoas, um recomeço. O impacto é profundo, especialmente porque pode implicar a perda de alguma independência, o que gera frustração e incerteza. Por isso, é fundamental garantir um apoio contínuo – não apenas físico, mas também emocional. Esse suporte é imprescindível para que a pessoa se adapte à nova realidade e recupere, aos poucos, a sua qualidade de vida. Alterações na mobilidade e comunicação Como referido, muitos sobreviventes de AVC perdem força num dos lados do corpo (hemiparesia) ou têm dificuldades em andar, falar ou até mesmo fazer refeições. A fisioterapia, terapia da fala e terapia ocupacional são essenciais para recuperar funções e promover a autonomia. Esta reabilitação deve começar o mais cedo possível. Fadiga, ansiedade e depressão pós-AVC Uma queixa frequente, é a fadiga constante que surge após pequenas tarefas. Além disso, o risco de ansiedade e depressão aumenta, devido à perda de controlo sobre a sua vida. É fundamental garantir um acompanhamento psicológico e criar um ambiente que favoreça a autoestima e o bem-estar. Adaptação da casa e rotinas para maior autonomia Adaptar a casa e as rotinas diárias é essencial para facilitar a integração da pessoa com AVC à sua nova realidade. Essas mudanças tornam o ambiente mais seguro e funcional, promovendo conforto, autonomia e bem-estar no dia a dia. Equipamentos e apoios úteis (ex: cadeira de rodas) Recursos que podem fazer toda a diferença no dia a dia:   Cadeiras de rodas e andarilhos Barras de apoio no WC e no duche Cadeiras para banho e camas articuladas Utensílios adaptados para alimentação e vestuário Aplicações e dispositivos para facilitar a comunicação. A escolha do equipamento certo depende das limitações de cada pessoa e deve ser feita com o apoio de profissionais de saúde. Cuidados com segurança, higiene e alimentação Melhor do que remediar é mesmo prevenir. Principalmente quando o assunto são quedas e infeções. Relativamente à segurança algumas sugestões passam por: remover tapetes, desimpedir corredores e reforçar a iluminação. A higiene pessoal pode exigir alguma ajuda, o essencial é respeitar a privacidade da pessoa. Na alimentação, é importante adaptar a consistência dos alimentos ou optar por dietas específicas para prevenir novos eventos. Sintomas de um AVC Os 5 F’s são uma forma simples e prática de reconhecer os principais sintomas de um AVC. Em português, correspondem a:   F de Face: rosto descaído ou sorriso assimétrico F de Força: fraqueza num dos lados do corpo F de Fala: discurso confuso, arrastado F de Forte dor de cabeça: intensa e repentina, sem causa aparente F de Falta de visão: num ou ambos os olhos.   Se notar algum destes sinais, ligue de imediato para o 112. O tempo é crucial para minimizar danos cerebrais. Fatores que podem causar um AVC São vários os fatores que podem desencadear um AVC, desde fatores controláveis a outros que podem não ser controláveis.   Controláveis: Hipertensão arterial (principal causa) Diabetes, colesterol elevado Tabagismo, álcool, sedentarismo, obesidade Alimentação desadequada, stress, doenças cardíacas Uso indevido de medicamentos ou drogas.   Não controláveis: Idade: risco aumenta significativamente após os 55 anos mas 25% dos casos surge em jovens Histórico familiar de AVC ou doenças cardiovasculares Sexo: homens têm maior risco, mas as mulheres tendem a ter piores consequências AVC anterior ou ataque isquémico transitório (AIT). Como agir em caso de novo AVC: sinais e primeiros socorros Estar preparado e saber identificar os sinais de um novo AVC pode salvar vidas. Os principais sintomas incluem:   Fraqueza súbita num lado do corpo Dificuldade em falar ou compreender Alterações na visão Tonturas, perda de equilíbrio Dor de cabeça intensa e repentina.   Em caso de suspeita, ligue imediatamente para o 112. O tempo é crucial: quanto mais cedo a pessoa for assistida, maiores as hipóteses de recuperação. Tipos de AVC e tratamentos Estar preparado e saber identificar os sinais de um novo AVC pode salvar vidas. Os principais sintomas incluem: Fraqueza súbita num lado do corpo Dificuldade em falar ou compreender Alterações na visão Tonturas, perda de equilíbrio Dor de cabeça intensa e repentina. Em caso de suspeita, ligue imediatamente para o 112. O tempo é crucial: quanto mais cedo a pessoa for assistida, maiores as hipóteses de recuperação. AVC Isquémico (obstrução de uma artéria – cerca de 85% dos casos) Tratamento de urgência: Tratamento de urgência: Trombólise intravenosa com fármacos (ex: alteplase) para dissolver o coágulo Trombectomia mecânica para remoção do coágulo por via endovascular (em centros especializados)   Tratamento de longo prazo: Fármacos anticoagulantes ou antiplaquetários (para

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senhora idosa a sorrir enquanto sobe escadas

Falta de força nas pernas em idosos: causas, sintomas e soluções

Com o passar dos anos torna-se uma queixa frequente e tendo um impacto significativo na mobilidade da terceira idade, a falta de força nas pernas, pode afetar a independência e a qualidade de vida. É importante compreender as principais causas deste problema, reconhecer os sintomas e agir a tempo para que complicações, quedas e fraturas sejam evitadas.   Ao longo do artigo vamos explorar as causas por trás da fraqueza muscular nas pernas dos idosos e possíveis soluções. Pontos-chave do artigo A perda de força nas pernas é comum na terceira idade e resulta, sobretudo, da redução natural da massa muscular (sarcopenia), de doenças crónicas e do sedentarismo Os principais sintomas incluem dificuldade em levantar-se, tonturas e fraqueza persistente Se não for tratada, pode levar a quedas, fraturas e perda de autonomia Exercício físico regular, adaptação do ambiente e acompanhamento médico são essenciais para recuperar e prevenir a fraqueza muscular. Porque é mais comum perder força nas pernas na terceira idade? De acordo com estudos recentes, a partir dos 50 anos, a nossa massa muscular começa a diminuir entre 1 a 2% por ano. Esta perda progressiva está associada ao envelhecimento natural do corpo e contribui para a fraqueza muscular. Estima-se que cerca de 25% das pessoas com menos de 70 anos e até 40% das que têm mais de 80 anos apresentem sinais de sarcopenia ou perda acentuada de força muscular.   Este problema tende a intensificar-se com a idade, atingindo valores ainda mais elevados a partir dos 80 anos. Fatores como doenças crónicas, alterações neurológicas e menor atividade física contribuem para a perda de força nas pernas e aumentam o risco de quedas. Principais causas da fraqueza nas pernas em idosos As causas desta fraqueza podem surgir por diversos motivos e apesar de ser uma situação comum é essencial conhecê-las. Sedentarismo e perda muscular (sarcopenia) Uma das principais causas da fraqueza muscular é a falta de atividade física. Sem os estímulos regulares, os músculos atrofiam, tornam-se rígidos e menos eficientes. A sarcopenia (perda progressiva de massa muscular) está relacionada com a idade, surge a partir dos 30 anos e acelera após os 60. Doenças neurológicas e articulares O Parkinson, AVC, esclerose múltipla, compromete a força nas pernas. Contudo, problemas articulares, como a artrose, limitam os movimentos e causam dor e limitam o uso dos músculos. Efeitos secundários de medicamentos Medicamentos utilizados para a pressão arterial, colesterol ou ansiedade, são comuns entre os idosos e podem causar efeitos secundários que afetam os sistemas neuromusculares, que provocam fraqueza, tonturas ou dificuldade em andar. Sinais de alerta e sintomas associados Dificuldade em levantar-se Um dos sinais de alerta que por norma aparece em primeiro lugar, é a dificuldade que o idoso pode ter ao levantar-se de uma cadeira ou cama sem auxílio. Este esforço demonstra que os músculos das pernas perderam a força e a resistência. Tonturas e falta de equilíbrio A instabilidade ao andar ou levantar por norma está associada à fraqueza nas pernas e pode provocar um desequilíbrio e consequentemente aumenta o risco de quedas. Dor e rigidez muscular O aparecimento de dores, rigidez ou sensação de fraqueza constante nos membros inferiores indica um problema que necessita de atenção. Consequências da fraqueza muscular não tratada A fraqueza muscular quando não é tratada aumenta o risco de quedas e de fraturas (especialmente na zona da anca). Esta fraqueza quando não é tratada leva a uma dependência de terceiros, isolamento e até a uma deterioração cognitiva. Isto pode piorar doenças existentes e reduzir qualidade de vida. O que fazer: estratégias para fortalecer as penas De modo a que esta força nas pernas seja fortalecida apresentamos um conjunto de estratégias que podem ajudar. Exercícios simples para idosos Incentivar a prática de exercícios na terceira idade, como caminhadas diárias, subir escadas, levantar e sentar de forma controlada e calma e aplicar exercícios de alongamento ajudam a manter e recuperar a força muscular. Existem programas de fisioterapia que são adaptados às necessidades de cada idoso.   Se estiver interessado estes exercícios podem ajudar.   Veja ainda cinco exercícios sentados, para idosos. Adaptação do ambiente para evitar quedas Adaptar o ambiente é imprescindível para que o idoso se sinta mais independente. Algumas alterações que se podem fazer passam por: instalar barras de apoio no WC, retirar tapetes, melhorar a iluminação e utilizar calçado antiderrapante. Estas dicas previnem quedas e devem ser consideradas. Quando procurar ajuda médica? É necessário um apoio médico quando existe perda de força muscular, seja progressiva ou súbita e que seja acompanhada de outros sintomas como dor persistente e intensa, inchaço ou alterações neurológicas. Este diagnóstico antecipado é essencial e permite um controlo ou um tratamento de forma a melhorar a mobilidade do idoso. Como prevenir a perda de força nas pernas Prevenir a fraqueza muscular, mantém um estilo de vida ativo e saudável.   Praticar exercício físico regular Ter uma alimentação rica em proteínas e vitamina D Controlar doenças crónicas Evitar longos períodos de imobilidade Realizar exames de rotina e avaliações de mobilidade.   Esta fraqueza nas pernas apesar de ser um problema comum e até inevitável, muitas vezes é negligenciado.   Veja o nosso artigo sobre alimentação para idosos. Links importantes sobre esta temática: MDS Manual – Distúrbios da marcha Vídeo Dr. Hiroki – Fraqueza nas pernas Guia de cuidados à pessoa idosa/BVSMS Testemunhos de pacientes – Dr. Leonardo Palmeira 6 causas e soluções para a fraqueza nas pernas – Dr. Flávio Lambo Os conteúdos deste blog são informativos. Não substituem diagnóstico ou tratamento médico. Consulte sempre um profissional de saúde. Partilhar:

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jovem a abraçar mulher idosa

Comunicação com idosos: como tornar a interação mais eficaz

A comunicação com um idoso exige mais do que falar com clareza, é necessário empatia, paciência e adaptação. À medida que vamos envelhecendo, o nosso corpo sofre alterações físicas, cognitivas e emocionais, isto pode alterar a forma compreendemos e interagimos com os que nos rodeiam. É fundamental que a comunicação para que a mensagem transmitida seja compreendida e bem recebida. Pontos-chave do artigo Importância de adaptar a comunicação na terceira idade Barreiras comuns: audição, visão, memória e fatores emocionais Estratégias eficazes: linguagem clara, escuta ativa e comunicação não verbal Adaptação em diferentes contextos: saúde, casa e serviços públicos Recursos úteis para cuidadores e profissionais. Porque é importante adaptar a comunicação na terceira idade? De forma a manter a autonomia, autoestima e qualidade de vida na terceira idade, é essencial adaptar a comunicação ao falar com este público. Uma interação empática e eficaz pode reduzir sentimentos de isolamento, prevenir mal entendidos seja em contextos de saúde como familiares. O importante é respeitar as necessidades e dificuldades de cada pessoa. Principais barreiras na comunicação com idosos Défice auditivo e visual Com o passar dos anos a perda de audição ou visão é bastante comum e dificulta a perceção das palavras, expressões faciais ou até mesmo da linguagem corporal. É necessário ter um cuidado e não falar muito depressa, baixo ou de costas para tornar a comunicação eficaz. Alterações cognitivas O Alzheimer e a demência são exemplos de doenças comuns que afetam a atenção, a memória e até mesmo o discernimento. Isto pode causar uma frustração tanto para a pessoa idosa como para a pessoa que tenta comunicar com ela, exigindo uma abordagem mais paciente e estruturada. Fatores emocionais e sociais A solidão, o isolamento e a perda de entre queridos podem interferir com o estado emocional do idoso e reduzir a vontade deste comunicar. A dificuldade em “não acompanhar a conversa” pode causar vergonha ou até medo e interferir na interação. Estratégias eficazes de comunicação com pessoas idosas A adoção de estratégicas facilita a comunicação com o idoso. Trazemos o exemplo de algumas. Uso de linguagem clara e pausada O uso de frases complexas ou gírias pode dificultar a compreensão do idoso. O essencial é que fale devagar, num tom de voz calmo e que articule bem as palavras. É importante que dê tempo ao idoso para processar a informação e reagir. Não fique impaciente. Valorização da escuta ativa Pode parecer básico mas é importante mostrar que está a ouvir, mantenha o contacto visual e vá acenando com a cabeça. A escuta ativa transmite empatia, confiança e respeito mútuo. Todos estes elementos fundamentais para uma boa comunicação. Atenção à comunicação não verbal A comunicação não verbal é tão essencial quanto a verbal. Manter uma postura tranquila, contacto visual e gestos suaves reforça a mensagem que transmite com palavras. Um simples sorriso, uma expressão serena ou um toque delicado podem fazer o idoso sentir-se respeitado, seguro e compreendido. Como adaptar a comunicação em contextos específicos Hospitais e cuidados de saúde. Os profissionais de saúde devem usar palavras simples, confirmar se a informação foi bem recebida e permitir que o idoso faça perguntas Ambientes familiares. Mantenha um ambiente tranquilo e recetivo. É necessário incentivar a partilha de histórias para reforçar os laços afetivos, não se esqueça de dar tempo de resposta. Serviços públicos e atendimento. O atendimento deve ser paciente, com paciência e se for necessário preste apoio escrito. Profissionais formados para lidar com esta faixa etária é fundamental na qualidade do serviço prestado. Recursos úteis para profissionais e cuidadores Alguns recursos importantes que devem ser adotados para os profissionais e cuidadores são: Formações em comunicação geriátrica Guias e manuais práticos de instituições como a DGS ou a Associação Alzheimer Portugal Grupos de apoio e comunidades online onde cuidadores podem trocar experiências e boas práticas Ferramentas visuais e auditivas de apoio, como quadros de comunicação, dispositivos amplificadores ou aplicações mobile adaptadas. Quer seja profissional, cuidador ou familiar, comunicar com empatia com os idosos é um gesto de respeito e humanidade. É através dessa escuta atenta e presença genuína que eles se sentem verdadeiramente acolhidos e incluídos — algo essencial em qualquer momento da vida, mas especialmente nesta fase tão delicada e valiosa.   Leia o nosso PDF informativo sobre como comunicar com um idoso. Links importantes sobre esta temática: Comissão de proteção do idoso Alzheimer Portugal ANAI – Associação Nacional de Apoio ao Idoso Os conteúdos deste blog são informativos. Não substituem diagnóstico ou tratamento médico. Consulte sempre um profissional de saúde. Partilhar:

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idosos a fazer exercícios sentados

Exercícios em cadeira para idosos: simples e seguros

Existem várias opções simples e seguras que ajudam a melhorar a força, a circulação e o bem-estar. Neste artigo, partilhamos sugestões seguras de exercícios sentados, ideais para se fazer em casa ou em instituições, e que respeitam os limites e o ritmo de cada pessoa. Pontos-chave do artigo A atividade física é essencial para idosos, mesmo com mobilidade reduzida, e pode ser realizada em segurança com exercícios sentados Estes exercícios melhoram a circulação, a força muscular, o equilíbrio e o bem-estar emocional O artigo apresenta 2 alongamentos e 5 exercícios fáceis de executar com ou sem acessórios Inclui orientações sobre frequência, segurança, contra indicações e dicas para adaptar os exercícios à realidade de cada idoso. Por que são importantes? A prática regular de exercícios físicos, ainda que adaptados, pode melhorar a circulação, fortalecer os músculos, aliviar dores articulares e contribuir para o bem-estar físico e emocional dos idosos. É necessário respeitar as necessidades físicas de cada idoso, os exercícios sentados apresentam baixo risco de lesões e conseguem obter os mesmos resultados que os exercícios em pé. Além disso, promovem a autonomia, contribuem para o bem-estar e facilitam a inclusão. Que tipo de cadeira usar? A escolha da cadeira é importante para que os exercícios sejam feitos de forma correta, esta não deve ter rodas e deve ser confortável. É fundamental que as costas estejam direitas e estáveis. Com que frequência praticar? Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) os exercícios devem ser realizados 2 a 3 vezes por semana, com sessões de 20 a 30 minutos. No entanto, o mais importante é combater o sedentarismo e promover o exercício físico. Os idosos devem começar com pequenas atividades e ir aumentando a frequência, duração e intensidade, dentro do que é possível consoante as necessidades específicas de cada idoso. Lista de exercícios nas cadeiras e sugestões de como praticar Antes de qualquer prática física os alongamentos são imprescindíveis, para que não haja risco de lesões. Estes melhoram a circulação sanguínea e aquecem os músculos.   Mostramos-lhe dois exemplos de alongamentos para idosos: Alongamento do pescoço Sente-se com as costas direitas e os pés bem assentes no chão Incline lentamente a cabeça para o lado esquerdo Mantenha a inclinação até sentir um alongamento suave no lado direito do pescoço Ainda nessa posição, estenda o braço direito para baixo e ligeiramente para o lado Mantenha o alongamento por 15 a 20 segundos, e não se esqueça de respirar lentamente Volta à posição neutra com cuidado Repita o exercício para o lado contrário (cabeça para o ombro direito, braço esquerdo estendido) Para finalizar, pode rodar lentamente a cabeça num movimento circular completo (360°), com calma e sem forçar. Círculo de ombros Sente-se com as costas direitas e os pés bem apoiados no chão Coloque as pontas dos dedos das mãos sobre os ombros, com os cotovelos apontados para os lados Faça círculos com os cotovelos para a frente, movendo os ombros em rotação Repita o movimento 15 vezes para a frente, de forma lenta e controlada Depois, inverta a direção: faça círculos com os cotovelos para trás Repita o movimento 15 vezes para trás Mantenha sempre uma respiração calma durante o exercício. Depois de alongar, seguem 5 exercícios que trabalham tanto a parte superior como inferior do corpo: 1. Elevação alternada das pernas Ajuda a fortalecer as coxas e melhorar a circulação.   Tem de estar sentado com as costas direitas e os pés no chão Estique uma das perna para a frente e mantenha-a nessa posição por 3 a 5 segundos Volte à posição inicial e repita com a outra perna Deve fazer 10 repetições com cada perna. 2. Alongamento lateral do tronco Melhora a flexibilidade e ajuda a aliviar a tensão.   Com os pés no chão, levante o braço direito por cima da cabeça Incline o tronco ligeiramente para o lado esquerdo Mantenha a posição 10 segundos e volte ao centro Repita com o lado oposto. Faça 3 vezes de cada lado 3. Puxar os braços para trás (Juntar as omoplatas) Fortalece a parte superior das costas.   Estique os braços à frente, com os polegares virados para cima Puxe os cotovelos para trás como se fosse “abrir o peito” Junte as omoplatas e mantenha por 2 segundos Volte a esticar os braços. Faça 10 repetições. 4. Pressão das mãos nos joelhos Ative a zona abdominal de forma segura.   Coloque as mãos nos joelhos e faça força como se fosse empurrá-los Ao mesmo tempo, faça força com as pernas contra as mãos Mantenha a pressão por 5 segundos e relaxe Repita 8 a 10 vezes. 5. Marcha no lugar (versão sentada) Ativa a circulação e melhora a coordenação.   Sente-se com as costas direitas e levante um joelho de cada vez Alterne as pernas, como se estivesse a “marchar” sentado Mantenha o ritmo por 30 segundos a 1 minuto Descanse e repita 2 ou 3 vezes. Cuidados antes de começar Antes que os idosos iniciem este processo de atividade física é necessário ter atenção aos seguintes cuidados:   Escolha da cadeira: confortável mas que fiquem com as costas direitas e estáveis Frequentar aulas ou ter ajuda de um profissional Respeitar os limites do corpo Roupas confortáveis Supervisão: de forma a garantir segurança e motivação. Quem pode (ou não) fazer? Estes exercícios são seguros e benéficos para quase todos os idosos, no entanto é necessário um cuidado e uma atenção redobrada para alguns dos casos.   Indicado para: Idosos com mobilidade reduzida, utilizadores de cadeira de rodas ou com dificuldades de equilíbrio Pessoas em recuperação de cirurgias Idosos com doenças crónicas leves (como diabetes ou hipertensão controlada) Quem pretende manter ou melhorar a força, circulação e flexibilidade sem risco de quedas.   Evitar ou consultar médico: Idosos com doenças cardíacas ou problemas respiratórios Pessoas com dores agudas, inflamações recentes ou lesões articulares/musculares Quem sente tonturas frequentes, desmaios ou apresenta sinais de desorientação. Acessórios simples para complementar os exercícios O uso de acessórios complementa alguns dos exercícios, de forma a aumentar a

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vários alimentos para idosos

Alimentação para idosos: um guia completo e prático

Uma alimentação equilibrada é importante em todas as fases da vida, mas torna-se fundamental na terceira idade. As mudanças naturais do envelhecimento exigem uma dieta ajustada às novas necessidades do corpo, promovendo a saúde e o bem-estar. Se está à procura de dicas práticas, este artigo é ideal para si.   Descubra como adotar uma alimentação saudável na velhice, com recomendações para diferentes condições de saúde. Pontos-chave do artigo A alimentação na terceira idade deve ser ajustada às mudanças do envelhecimento Nutrientes como cálcio, ferro, vitaminas D e B, magnésio e ómega 3 são essenciais Alimentos frescos, naturais e integrais devem ser priorizados, evitando os processados O artigo inclui recomendações para situações específicas como diabetes, Alzheimer e disfagia. Por que a alimentação muda com a idade? O nosso organismo com o passar dos anos sofre várias alterações, sendo uma delas o sistema digestivo – este fica comprometido e requer uma maior atenção. Por isso, é fundamental que os idosos sigam uma dieta equilibrada e ajustada às suas necessidades. Uma alimentação adequada ajuda a prevenir disfunções imunológicas, cognitivas e metabólicas.   Segundo um estudo publicado pelo Expresso, uma alimentação saudável auxilia na longevidade e pode aumentar a esperança média de vida em até 10 anos. A pesquisa explica que uma alimentação rica em vegetais prolonga a vida em mais de três anos. Embora os bons hábitos alimentares devam ser adotados desde cedo, mudanças feitas mais tarde continuam a trazer benefícios – o essencial é adaptar a alimentação às necessidades de cada fase da vida. Nutrientes essenciais na alimentação de idosos É importante garantir o consumo de nutrientes que se ajuste às necessidades específicas da terceira idade:   Cálcio: fortalece os ossos e previne osteoporose Ferro: mantém uma boa oxigenação dos tecidos e órgãos, combate a fadiga e fortalece o sistema imunitário Vitamina C: contribui para a imunidade, protege o cérebro e previne doenças degenerativas Vitamina D: facilita a absorção de cálcio e contribui para a saúde óssea e muscular Vitamina B: ajudam no metabolismo, memória e bem-estar mental Zinco: ajuda na proteção de infeções, contribuiu para a cicatrização Ómega 3: prevenção de doenças como Alzheimer, depressão e Parkinson Magnésio: Melhora a qualidade do sono, regula o cálcio e contribui para a saúde cardiovascular e neurológica. Como deve ser a alimentação para idosos? Além da escolha dos alimentos, a hidratação e a frequência das refeições são fundamentais:   Beber pelo menos 1,5 litros de água por dia (incluindo sopas e chás como aliados à hidratação) Fazer cinco a seis refeições por dia: pequeno-almoço, almoço, jantar e lanches Comer de três em três horas para manter a energia e o metabolismo estáveis Optar por alimentos frescos, naturais e pouco processados Evitar o jejum prolongado e refeições pesadas à noite. Alimentos recomendados para idosos Para para promover a saúde, facilitar a digestão e prevenir carências nutricionais comuns nesta fase da vida, é importante o consumo de alimentos ricos em nutrientes:   Legumes e vegetais: couve, brócolos, espinafres, batata, feijão-verde. Frutas: banana, maçã, papaia, morangos, laranja – ricas em vitaminas e fibras. Laticínios magros: iogurtes naturais, leite meio-gordo – reforçam a saúde óssea. Cereais integrais: aveia, pão integral, arroz integral – promovem a saciedade e regulam o trânsito intestinal. Fontes de proteína: peixe, carnes magras, ovos e leguminosas (como grão e lentilhas). Alimentos a evitar ou moderar Evitar: Açúcares refinados Gorduras saturadas Produtos ultraprocessados Consumo excessivo de sal. Consumir com moderação: Laticínios gordos (como certos queijos ou molhos, sendo o mais indicado laticínios magros) Bebidas como chá e café (podem interferir na absorção de ferro) Chocolate em refeições principais.   Alimentação para situações espcíficas Idosos com diabetes Devem seguir uma dieta variada e equilibrada, limitando açúcares simples e alimentos com alto índice glicémico. Idosos com Alzheimer A rotina é importante para um idoso com Alzheimer:  refeições simples, familiares e rotineiras auxiliam na sua autonomia. Idosos com disfagia (dificuldade em engolir) O importante para os idosos com disfagia é que as texturas sejam adaptadas às suas necessidades, como é o caso dos purés e líquidos mais espessos. O importante é evitar comida seca ou que seja mais difícil de mastigar. Idosos acamados Devem consumir alimentos de fácil digestão, ricos em fibras, e ajustados às suas necessidades nutricionais específicas para evitar a obstipação. Como montar um plano alimentar para uma pessoa idosa? Um plano alimentar saudável para idosos deve incluir: Seis refeições diárias bem distribuídas Presença de frutas, legumes e vegetais em todas as refeições Fontes de proteína (carnes brancas, peixe, ovos, laticínios) em pelo menos uma refeição principal Hidratação ao longo do dia.   Segue um exemplo mais conciso de um plano alimentar diário para um idoso: Pequeno almoço Meio da manhã Almoço Lanche Jantar Ceia Leite magro + pão (integral) + fruta Iogurtes + frutos secos Sopa +bifes de frango grelhados + arroz integral + legumes Chá + tosta integral + fruta Sopa + omelete com legumes Chá + bolacha integral Suplementos alimentares: quando são necessários? Os suplementos alimentares para idosos só devem ser tomados quando há deficiência nutricional comprovada. Assim, é importante que as pessoas de terceira idade compensem certas deficiências nutricionais através da suplementação. Cada idoso tem necessidades específicas que devem ser avaliadas por um profissional de saúde. Dicas para estimular o apetite em idosos Criar horários fixos para as refeições Apostar num cardápio variado Implementar snacks saudáveis Estar atento a sintomas físicos ou emocionais que afetam o apetite Estimular o convívio à mesa e oferecer apoio emocional. Mais do que uma questão de nutrição, cuidar da alimentação na terceira idade é uma forma de promover dignidade, autonomia e qualidade de vida. Pequenas escolhas diárias, feitas com atenção e carinho, têm um impacto profundo no bem-estar físico e emocional dos idosos — sobretudo numa fase da vida em que este cuidado é mais necessário do que nunca. Partilhar:

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auxiliar a ajudar uma senhora idosa a levantar-se

Como tornar o acompanhamento de idosos a consultas num momento tranquilo e seguro

Um dia foram eles que nos seguraram a mão nas consultas, que nos acalmaram os medos e trataram de tudo por nós. Hoje, os papéis invertem-se e é a nossa vez de estar lá. Acompanhar um idoso ao médico é tão mais do que um gesto prático: é um ato de cuidado, de respeito e de gratidão.   Este artigo é, então, para quem cuida: com presença, com paciência e com amor. Reunimos dicas simples e práticas para tornar as consultas médicas mais tranquilas e seguras para quem já cuidou tanto de nós. Pontos-chave do artigo Acompanhar um idoso ao médico é um gesto de cuidado, apoio emocional e segurança. Preparar a consulta com antecedência ajuda a identificar sintomas e esclarecer dúvidas. Durante a consulta, é importante tomar notas, fazer perguntas e garantir que tudo fica compreendido. O transporte deve ser feito com conforto e segurança, respeitando as limitações do idoso. Existem serviços profissionais que podem apoiar quem não consegue acompanhar presencialmente. Porque é tão importante acompanhar um idoso nas consultas médicas? Com o passar dos anos, é natural surgirem mais consultas, exames e tratamentos. Mas também é comum aparecerem receios: medo de más notícias, vergonha de partilhar certos sintomas ou até dificuldades em perceber o que o médico diz.   Muitas vezes, o idoso sente-se perdido no meio de tanta informação. Pode não se lembrar do nome de um medicamento, esquecer-se de sintomas importantes ou simplesmente não conseguir expressar bem o que sente. Ter alguém ao lado dá segurança, ajuda a organizar ideias e garante que nada fica por dizer ou por compreender. Antes da consulta: preparar com tempo e empatia A preparação começa bem antes de sair de casa. Deixamos-lhe algumas sugestões simples que fazem toda a diferença:   Conversar com calma. Uns dias antes, pergunte como se tem sentido. Há algo que o preocupa? Alguma dor nova? Esta conversa deve ser feita num momento tranquilo, sem pressas nem distrações Tomar nota dos pontos importantes. Anote os sintomas, dúvidas, reações aos medicamentos e qualquer outro detalhe relevante. Também é útil fazer uma lista das perguntas a fazer ao médico Organizar os documentos. Leve sempre o cartão de cidadão, o cartão do SNS ou seguro de saúde, lista de medicação atual (com dosagens) e relatórios ou exames recentes. DPOC em Portugal: o peso dos números e o alerta dos especialistas Antes mesmo da consulta começar, a forma como o idoso é transportado pode fazer toda a diferença. Assegurar conforto e segurança no trajeto é um gesto de cuidado que transmite tranquilidade desde o primeiro momento.   Verificar se o idoso precisa de ajuda para entrar e sair do carro Evitar horas de maior trânsito ou calor, garantindo que a viagem é tranquila Usar sempre cinto de segurança e, se necessário, almofadas ou suportes de apoio Levar água e medicação, caso a espera se prolongue Se não tiver possibilidade de o levar, pondere recorrer a serviços profissionais de transporte de doentes não urgentes. Durante a consulta: ser presença e apoio A consulta médica pode ser curta, por isso tem de ser eficaz. E o papel do acompanhante é garantir que tudo corre da melhor forma e que todas as questões são abordadas:   Estar atento e tomar notas. Escrever o que o médico diz ajuda a recordar mais tarde e evita confusõesAjudar na comunicação. Se o idoso não perceber alguma coisa, pedir ao médico que explique de outra forma. Não há vergonha nenhuma nisso. Aliás, é um direito. Fazer perguntas, se necessário. “Para que serve este medicamento?”, “Vai causar efeitos secundários?”, “Há alternativas?”. São dúvidas legítimas que merecem resposta clara Confirmar que tudo ficou bem compreendido. Antes de sair, é importante repetir o que ficou combinado: medicação, exames a fazer, cuidados a ter. O médico pode até escrever as instruções, se for preciso. Depois da consulta: continuar o cuidado em casa A consulta não termina quando se sai do consultório. A seguir, é tempo de:   Rever as anotações e explicar com calma. Relembrar o que foi dito, reforçar os cuidados a ter e ajudar a planear os passos seguintes Acompanhar a toma da medicação. Verificar se foi compreendido como e quando tomar os medicamentos, e se há interações com outros produtos (incluindo suplementos ou chás) Marcar os próximos exames ou consultas. E guardar tudo num local acessível, para manter o registo atualizado. E se não puder acompanhar? Existem alternativas seguras? Nem sempre é possível estar presente. Por motivos de trabalho, distância ou outros compromissos, há momentos em que o idoso pode precisar de apoio profissional.   Nesse caso, vale a pena considerar serviços especializados de transporte e acompanhamento de doentes não urgentes, como os prestados pela Ambula. Estes serviços asseguram a deslocação segura e confortável, assim como podem incluir apoio no próprio consultório, para garantir que o idoso não está sozinho e que a informação médica é corretamente transmitida à família ou cuidador principal. A presença que faz a diferença Estar presente numa consulta é muito mais do que estar sentado ao lado. É ouvir, perguntar, acolher. É ajudar o idoso a sentir-se respeitado, ouvido e confiante. Porque, muitas vezes, é no apoio silencioso e atento que se faz a maior diferença.   Se tiver um familiar que começa a faltar às consultas, que sai confuso ou que parece mais inseguro com os cuidados de saúde, talvez o que ele precise seja mesmo de alguém que o acompanhe (não apenas fisicamente, mas emocionalmente também).   No fundo, é isto que todos procuramos em momentos de vulnerabilidade: saber que não estamos sozinhos. E, quando se trata de cuidar dos mais velhos, cada gesto conta. Partilhar:

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pulmão com doença pulmonar obstrutiva crónica

DPOC: a tosse que não deve ser ignorada

Sabia que há cerca de 800 mil pessoas com DPOC em Portugal e que 7 em cada 10 nem sequer sabem que têm a doença?   É que os sinais, muitas vezes, parecem apenas cansaço do dia a dia: uma tosse persistente, falta de ar ao subir escadas, o peito que aperta com o frio. O corpo vai resistindo, até que respirar já não é tão simples assim. E é nesse momento que se descobre a DPOC – uma doença invisível, mas real, que precisa de ser reconhecida antes que avance em silêncio. Pontos-chave do artigo A DPOC é uma doença respiratória crónica e progressiva que afeta cerca de 800 mil pessoas em Portugal Tosse persistente, falta de ar e cansaço são sintomas comuns, mas muitas vezes ignorados A principal causa é o tabagismo, embora a exposição a poeiras, fumos e fatores genéticos também possa contribuir O diagnóstico é feito com espirometria, mas 70% dos casos continuam por identificar Não tem cura, mas pode ser travada com tratamento adequado, reabilitação respiratória e mudanças no estilo de vida A prevenção, o diagnóstico precoce e o acompanhamento são essenciais para melhorar a qualidade de vida. DPOC: o que é? Não é uma doença única, mas sim um “guarda-chuva” que junta duas condições respiratórias crónicas: a bronquite crónica e o enfisema pulmonar. Ambas causam obstrução das vias respiratórias, dificultando a passagem do ar e tornando a respiração um verdadeiro esforço.   A obstrução não desaparece por si e vai piorando com o tempo, sobretudo se não for diagnosticada e acompanhada. Mas nem tudo são más notícias: com o tratamento certo e algumas mudanças no estilo de vida, é possível viver melhor com DPOC. Causas e fatores de risco A grande vilã tem nome conhecido: tabaco. Fumar, durante anos, é a principal causa de DPOC. Mas há mais fatores a ter em conta:   Exposição a poeiras, fumos e produtos químicos, especialmente em ambientes de trabalho Poluição do ar, sobretudo em meios urbanos Fumo das lareiras, comum em casas mal ventiladas em zonas rurais Infeções respiratórias frequentes na infância Histórico familiar ou deficiência genética (como a ausência da proteína alfa-1-antitripsina, rara mas relevante). Importa reforçar: nem todos os fumadores têm DPOC, mas quanto mais tempo e quantidade se fuma, maior é o risco. E, claro, quem já tem asma ou outras doenças respiratórias está ainda mais vulnerável. DPOC: sintomas A DPOC instala-se devagar, muitas vezes silenciosamente. Por isso, os primeiros sintomas são facilmente desvalorizados. Mas há sinais a que se deve estar atento:   Tosse crónica, seca ou com expetoração (frequentemente associada ao tabaco e por isso ignorada) Pieira (um som agudo ao respirar) Sensação de aperto no peito Falta de ar (dispneia), primeiro ao esforço, depois até em repouso Cansaço constante e limitação nas atividades diárias Em fases mais avançadas: ansiedade, emagrecimento, infeções respiratórias frequentes e até coloração azulada dos dedos (sinal de falta de oxigénio). Como é feito o diagnóstico? A progressão é lenta, mas contínua, e é por isso que identificar o problema cedo faz toda a diferença. O exame mais usado para confirmar o diagnóstico é a espirometria – um teste simples, mas essencial, que mede a quantidade de ar que os pulmões conseguem inspirar e expirar. Também pode ser complementada com:   Raio-X ou TAC torácica (para detetar enfisema e excluir outras doenças) Análises de sangue e gasometria arterial (para medir os níveis de oxigénio e dióxido de carbono) Avaliação da deficiência genética de alfa-1-antitripsina, em casos suspeitos.   Se há tosse persistente, expetoração, cansaço e histórico de tabagismo ou exposição a agentes irritantes, vale sempre a pena marcar uma consulta com um pneumologista. DPOC em Portugal: o peso dos números e o alerta dos especialistas Apesar de afetar cerca de 800 mil pessoas em Portugal, a DPOC continua largamente desconhecida pela população. Estima-se que 70% dos casos estejam por diagnosticar, o que significa que muitos doentes não recebem acompanhamento nem tratamento adequado. E isto tem consequências sérias: só em 2022, as doenças respiratórias causaram mais de 12 mil mortes no país, e os especialistas alertam que podem vir a tornar-se a principal causa de morte até ao final da década.   Este cenário levou à criação de várias iniciativas de sensibilização e investigação, como o Fórum Saúde Respiratória 2025, que defende uma resposta integrada à crise das doenças respiratórias, e o novo estudo nacional promovido pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia e pela AstraZeneca Portugal, que vai ajudar a traçar o perfil clínico e terapêutico dos doentes com DPOC em Portugal. O objetivo é claro: melhorar o diagnóstico precoce, personalizar os cuidados e garantir uma resposta mais justa e acessível à população. DPOC GOLD: o que é e como se mede? A classificação GOLD (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease) é usada internacionalmente para avaliar o grau de obstrução e orientar o tratamento e ajuda os médicos a escolher o plano terapêutico mais adequado para cada doente. Baseia-se nos resultados da espirometria e divide a DPOC em quatro estágios:   GOLD 1 (Ligeira): sintomas leves, poucos impactos na vida diária GOLD 2 (Moderada): mais falta de ar, limitações ao esforço físico GOLD 3 (Grave): maior limitação funcional e risco de exacerbações GOLD 4 (Muito grave): sintomas constantes e risco de insuficiência respiratória. Tratamento da DPOC A DPOC não tem cura, mas tem tratamento. E quanto mais cedo for iniciado, maiores são os benefícios. Medidas fundamentais Parar de fumar. É o passo mais importante e o único que pode travar a progressão da doença; Evitar ambientes poluídos ou com fumos tóxicos Vacinação anual contra a gripe e pneumococos, para prevenir infeções Fisioterapia respiratória e reabilitação pulmonar, que ajudam a recuperar a capacidade física e respiratória. Medicamentos disponíveis Broncodilatadores (inaladores de curta ou longa duração): ajudam a abrir as vias respiratórias e facilitam a respiração Corticosteróides inalados, que reduzem a inflamação e previnem crises Antibióticos, quando há infeções respiratórias Oxigenoterapia, nos casos em que os níveis de oxigénio estão baixos Ventilação não invasiva (com máscara), em situações mais graves.

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idoso a fazer um puzzle

Como reconhecer e enfrentar as fases da demência com respeito e ternura

Sabia que mais de 200 mil pessoas sofrem de demência em Portugal?   Falar de demência é falar de uma caminhada difícil, para quem vive com a doença e para quem cuida. Aos poucos, a memória começa a falhar, os comportamentos mudam, e o dia a dia deixa de ser o mesmo. É duro, confuso, por vezes até injusto.   Mas saber o que esperar pode fazer a diferença. Porque, mesmo quando tudo parece desorganizar-se, há formas de cuidar com mais calma, mais presença e menos medo. Pontos-chave do artigo A demência é um conjunto de sintomas que afeta a memória, o raciocínio e o comportamento, e que se agrava ao longo do tempo Existem vários tipos de demência, sendo os mais comuns: Alzheimer, demência vascular, demência com corpos de Lewy e demência frontotemporal Cada tipo de demência tem manifestações diferentes, mas geralmente evoluem por três fases: inicial, moderada e avançada Identificar os primeiros sinais e conhecer as fases ajuda a preparar melhor o apoio à pessoa com demência O diagnóstico precoce, os estímulos cognitivos e o ambiente de apoio podem abrandar a progressão da doença Apoiar alguém com demência exige adaptação constante, empatia e, muitas vezes, apoio especializado. O que é a demência? A demência não é uma doença específica, mas sim um termo usado para descrever um conjunto de sintomas que afetam o cérebro. Falamos de perdas progressivas de memória, dificuldade em pensar, comunicar, tomar decisões ou até reconhecer rostos e lugares familiares. Estes sintomas interferem com a autonomia da pessoa e tornam, aos poucos, o dia-a-dia mais desafiante.   Em Portugal, estima-se que os casos de demência possam duplicar até 2080, ultrapassando os 450 mil casos (quase 5% da população) segundo um estudo do CIDIFAD. Este aumento está diretamente ligado ao envelhecimento da população, tornando ainda mais urgente a aposta na prevenção, no diagnóstico precoce e no apoio às famílias.   Perante este cenário, é importante conhecer melhor a doença e compreender como se manifesta. Existem vários tipos de demência, mas todos têm um ponto em comum: são doenças progressivas. Tal significa que os sintomas começam de forma leve e agravam-se com o tempo. Quais são os primeiros sinais de demência? Os primeiros sinais de demência podem ser subtis – tão subtis que muitas vezes se confundem com “coisas da idade” ou simples cansaço. Mas há comportamentos e esquecimentos que, quando se tornam frequentes, merecem atenção.   Alguns dos sinais mais comuns incluem:   Esquecimentos recentes, como repetir perguntas ou esquecer onde pôs objetos Dificuldade em encontrar palavras ou seguir uma conversa Desorientação no tempo e no espaço, mesmo em locais familiares Alterações de humor ou comportamento, como irritabilidade, apatia ou desconfiança injustificada Menor capacidade para planear ou tomar decisões simples, como preparar uma refeição ou pagar contas. Estes sinais não significam, por si só, que se trata de demência, mas são um alerta importante para procurar avaliação médica. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais cedo se pode atuar para abrandar a progressão e garantir melhor qualidade de vida.   Para mais informações e apoio, pode consultar a Alzheimer Portugal, uma das principais referências nacionais na área. Os quatro tipos mais comuns de demência Nem todas as demências são iguais. Enquanto umas começam com esquecimentos aparentemente inofensivos, outras manifestam-se por mudanças de personalidade ou por episódios de alucinação.   Conhecer os diferentes tipos de demência é um passo importante para compreender melhor o que se passa com a pessoa que vive com a doença… e até para evitar julgamentos precipitados. Doença de alzheimer É a forma mais comum de demência. Afeta, sobretudo, a memória e começa, muitas vezes, com esquecimentos aparentemente inofensivos. Com o tempo, vai comprometendo a linguagem, o raciocínio e a capacidade de reconhecer pessoas ou lugares. Demência vascular Provocada por problemas de circulação no cérebro, como AVCs ou pequenos derrames. Os sintomas dependem da zona afetada e a progressão pode ser feita aos “saltos”, ou seja, a pessoa pode piorar subitamente após um novo episódio vascular.   O tempo de vida com demência vascular depende da gravidade dos acidentes vasculares cerebrais anteriores, das comorbilidades e da rapidez com que o declínio cognitivo se instala. Em média, após o diagnóstico, a esperança de vida pode variar entre 5 e 10 anos, mas com grandes variações entre pessoas. Demência com corpos de Lewy Caracteriza-se por oscilações no estado de atenção, alucinações visuais, tremores e rigidez muscular. Pode ser confundida com o Parkinson, mas o declínio cognitivo surge mais cedo. A memória pode até estar preservada nas fases iniciais. Demência frontotemporal Afeta as regiões frontal e temporal do cérebro, o que significa que os primeiros sinais nem sempre estão ligados à memória. Em vez disso, o que se nota mais cedo são mudanças de comportamento, impulsividade, dificuldade em comunicar ou até perda de empatia.   Foi este o tipo de demência diagnosticado ao ator Bruce Willis, um caso que trouxe maior visibilidade à doença e mostrou ao mundo o impacto real que pode ter, mesmo em pessoas ainda relativamente jovens. Fase inicial (ligeira) Nesta fase, os sinais podem passar despercebidos ou ser confundidos com o envelhecimento natural. A pessoa continua relativamente autónoma, mas começam a notar-se mudanças subtis. O que é comum nesta fase:   Esquecimentos frequentes, sobretudo de acontecimentos recentes Dificuldade em encontrar palavras certas ou acompanhar uma conversa Desorientação em locais menos familiares Alterações de humor ou apatia Perda de iniciativa ou interesse por hobbies Pequenos erros no manuseamento de dinheiro ou em tarefas domésticas simples. Fase intermediária (moderada) Aqui, os sintomas tornam-se mais evidentes e passam a interferir no dia-a-dia. A pessoa começa a precisar de ajuda com tarefas básicas e a perda de autonomia é mais notória.   Nesta fase podem surgir:   Esquecimentos constantes, mesmo de acontecimentos importantes Desorientação no tempo e no espaço Dificuldade em vestir-se ou preparar refeições Confusão com rostos de familiares ou amigos Alterações de comportamento (agressividade, desconfiança, repetição de palavras) Problemas de linguagem e compreensão Início de incontinência urinária. Fase avançada (grave) É a

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filho a beijar as mãos de mãe idosa em ato de carinho

Depressão no idoso: a dor invisível que não devemos ignorar

Ficar mais calado, perder o interesse pelas pequenas coisas ou afastar-se das pessoas de quem se gosta… À primeira vista, pode parecer “coisa da idade”. Mas, muitas vezes, é mais do que isso. A depressão nos idosos existe – e nem sempre se vê à primeira. Os sinais podem ser discretos, confusos, até silenciosos. Mas o impacto é real e profundo.   Tantas vezes confundida com o “normal” do envelhecer, que acaba por ficar escondida. Mas não devia. Porque o sofrimento é real e tratar a depressão pode devolver sentido, prazer e até esperança a quem já achava que os melhores dias tinham ficado para trás. Pontos-chave do artigo A depressão não é uma consequência natural do envelhecimento e pode passar despercebida nos idosos Os sintomas nem sempre incluem tristeza — podem surgir como dores físicas, apatia ou isolamento Fatores como solidão, doenças crónicas e perda de autonomia aumentam o risco O diagnóstico precoce e o tratamento adequado (medicação, psicoterapia e apoio social) melhoram significativamente a qualidade de vida Prevenir passa por promover um estilo de vida ativo, saudável e com ligação à comunidade Existem linhas de apoio disponíveis para quem precisa de ajuda ou orientação. O que é, afinal, a depressão na terceira idade? A depressão não é apenas uma fase de tristeza, nem um sinal de fraqueza. É uma perturbação emocional profunda que afeta a forma como a pessoa pensa, sente e vive. E quando surge na terceira idade, pode ser ainda mais difícil de reconhecer, tanto para quem sente, como para quem está por perto.   Muitas vezes, não se manifesta com lágrimas ou palavras tristes, mas sim com silêncios prolongados, dores sem causa, cansaço constante ou uma apatia que vai tomando conta dos dias. Em vez de dizerem que estão tristes, muitos idosos dizem apenas que estão cansados, que têm dores ou que já não têm paciência para nada. É por isso que tantos sintomas acabam por ser confundidos com o “normal” do envelhecer – e passam despercebidos. Quais são os países que mais sofrem com a depressão? Um estudo do DREES, com base no Inquérito Europeu de Saúde por Entrevista (EHIS) de 2019, revelou que França tinha, antes da pandemia, a maior taxa de depressão da Europa, com cerca de 11% da população afetada.   Já Portugal apresentou uma das taxas mais elevadas de depressão crónica, segundo o Eurostat, com 12,2% da população a reportar sintomas, ultrapassado apenas pela Eslovénia. Mais recentemente, um relatório da OCDE, de 2023, reforça que Portugal está entre os países com níveis mais altos de ansiedade e depressão na União Europeia. Porque é que a depressão atinge tantos idosos? A verdade é que o envelhecimento traz mudanças profundas: a perda de amigos ou do parceiro de vida, a reforma, o isolamento social, o aparecimento de doenças crónicas ou a sensação de que já não se “pertence” ao mundo ativo. Tudo isto pode afetar profundamente a saúde mental.   Em Portugal, de acordo com dados analisados até 2023, estudos indicam que cerca de 15% dos idosos podem ter sintomas depressivos. E este número sobe para 30% em ambientes de institucionalização, como lares ou hospitais.   É também mais comum entre mulheres mais velhas e entre idosos com múltiplos problemas de saúde. Mas não é inevitável. E não deve ser ignorado. Sintomas de depressão no idoso: o que observar Os sinais nem sempre são os clássicos e há também casos em que a depressão se confunde com demência, sobretudo quando há esquecimentos, lentidão no raciocínio e desorientação.   Eis alguns dos sintomas mais comuns na terceira idade:   Isolamento social e falta de interesse em estar com outras pessoas Fadiga constante ou falta de energia Dores físicas sem explicação médica Insónia ou excesso de sono Perda ou aumento significativo de peso Dificuldade em concentrar-se ou em tomar decisões Sentimentos de culpa ou inutilidade Pensamentos recorrentes sobre a morte. Quais são os principais fatores de risco? A depressão na terceira idade raramente tem uma causa única. Muitas vezes, nasce do acumular de perdas, mudanças e silêncios. É o corpo que enfraquece, a solidão que cresce, a vida que abranda. São fatores biológicos, psicológicos e sociais que, juntos, tornam os dias mais difíceis de enfrentar. Nos idosos, os mais comuns são:   Perda do cônjuge ou de amigos Reformar-se e perder o propósito ou rotina Viver sozinho ou com pouco apoio familiar Problemas económicos ou dificuldades em manter a autonomia Doenças crónicas como diabetes, AVC ou doenças cardíacas Uso prolongado de certos medicamentos História prévia de depressão. Como diagnosticar e tratar a depressão no idoso? A boa notícia? Sim, a depressão tem tratamento, mesmo nos idosos. O primeiro passo é reconhecer os sintomas e procurar ajuda médica. O diagnóstico é clínico, feito através da avaliação dos sintomas e, por vezes, com o apoio de escalas validadas para a população idosa. Depois, o tratamento pode passar por: Medicação antidepressiva, sempre ajustada à idade e às outras condições de saúde Psicoterapia, nomeadamente a terapia cognitivo-comportamental, que tem mostrado bons resultados Atividade física regular, que ajuda a libertar hormonas ligadas ao bem-estar Socialização e participação em atividades, para quebrar o isolamento Intervenção familiar e comunitária, essencial para criar um ambiente de apoio e segurança. Em casos mais graves ou resistentes, pode considerar-se o recurso a terapias como a eletroconvulsiva (TEC) ou a estimulação magnética transcraniana. Prevenção: pequenas mudanças que fazem a diferença É possível prevenir (ou pelo menos reduzir) o risco de depressão na terceira idade. Como? Através de hábitos e rotinas saudáveis:   Incentivar a prática regular de exercício físico, mesmo que leve Manter uma alimentação equilibrada Criar rotinas que incluam momentos de prazer, convívio e propósito Fomentar a participação em atividades culturais, recreativas ou de voluntariado Acompanhar regularmente a saúde física e mental.   O mais importante? Estar presente. Ouvir. Validar os sentimentos. E agir perante sinais de alerta. Como ajudar um idoso com depressão? Ajudar um idoso com depressão começa com algo simples, mas essencial: estar presente. Muitas vezes, o maior gesto é

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idosos a fazer exercício no parque

Sarcopenia: como travar a perda muscular silenciosa

Com o passar dos anos, há algo que acontece de forma quase invisível no corpo humano: os músculos começam a perder massa e força. Esta condição tem um nome – sarcopenia – e afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente a partir dos 60 anos. Mas saiba que há muito que se pode fazer para travar e, até, reverter. E tudo começa por conhecê-la melhor. Pontos-chave do artigo A sarcopenia é a perda progressiva de massa e força muscular, mais comum a partir dos 60 anos Pode afetar a mobilidade, o equilíbrio e a capacidade de realizar tarefas do dia a dia Sedentarismo, má alimentação e doenças crónicas são fatores que contribuem para a sua evolução É possível travar ou até reverter a sarcopenia com exercício físico regular e uma dieta rica em proteína Suplementos como proteína whey, vitamina D ou creatina podem ser úteis em alguns casos Manter um estilo de vida ativo é a melhor forma de prevenir esta condição e preservar a autonomia com o passar dos anos. O que é a sarcopenia? É uma doença progressiva caracterizada pela perda de massa muscular, força e desempenho físico. Embora seja mais comum em pessoas com mais de 60 anos, o processo começa muito antes, por volta dos 30 ou 40 anos o corpo já inicia, lentamente, a perda de músculo. A partir dos 65, essa perda tende a acelerar.   Na prática, o que acontece é que os músculos vão ficando mais pequenos e fracos. E isso não significa apenas que se perde força para abrir um frasco ou carregar sacos de compras. A sarcopenia afeta a mobilidade, o equilíbrio, e a capacidade para realizar tarefas básicas do dia a dia, como levantar-se da cadeira, subir escadas ou caminhar com segurança. Quais são os sintomas? Os sinais da sarcopenia afetam diretamente a autonomia da pessoa, podendo levar à perda de independência, e, em casos mais graves, ao risco de quedas, fraturas e internamentos. Podem aparecer de forma discreta, mas vão-se tornando cada vez mais evidentes com o tempo. Os mais comuns incluem:   Fraqueza muscular constante Cansaço mais rápido durante atividades normais Dificuldade em subir escadas ou levantar-se de uma cadeira Marcha mais lenta e menor resistência física Perda de equilíbrio e quedas frequentes Redução visível do volume dos músculos, especialmente nos braços e pernas. O que causa a sarcopenia? O envelhecimento é o principal culpado, mas não é o único. Vários fatores contribuem para o desenvolvimento da sarcopenia:   Sedentarismo: a falta de atividade física é um dos maiores aliados da perda muscular Má alimentação: uma dieta pobre em proteínas e nutrientes essenciais enfraquece os músculos Doenças crónicas: como diabetes, insuficiência renal, artrite, cancro ou DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica) Inflamação crónica: o corpo em “modo de alerta constante” pode degradar tecidos musculares Alterações hormonais: como a queda da testosterona ou da hormona do crescimento Obesidade: especialmente quando associada à sarcopenia (obesidade sarcopénica), pode agravar o quadro Imobilização: estar de cama por períodos prolongados, mesmo por motivo de doença ou recuperação. Como se diagnostica? Não existe um único teste para diagnosticar a sarcopenia. Normalmente, começa-se por avaliar os sintomas através de um questionário simples, chamado SARC-F, que mede a dificuldade em fazer movimentos básicos do dia a dia (levantar-se, andar, subir escadas, etc.). Depois, podem ser feitos testes como:   Força de preensão (medida com um dinamómetro manual) Teste da cadeira (ver quantas vezes a pessoa consegue levantar-se sem usar os braços) Teste da marcha (avaliar a velocidade a caminhar) Análises de composição corporal, como o DEXA ou BIA, que medem a quantidade de músculo no corpo. Qual o tratamento da sarcopenia? A boa notícia é que a sarcopenia pode ser tratada e até revertida, principalmente se for detetada nas fases iniciais. As principais estratégias passam por mudanças simples no estilo de vida: 1. Movimento é essencial O exercício físico é a arma mais poderosa contra a sarcopenia. O ideal é praticar treino de força (como levantar pesos, usar bandas elásticas, fazer agachamentos) e também exercícios aeróbicos como caminhar. Duas a quatro sessões por semana já podem fazer a diferença. 2. Comer bem é tão importante como mexer-se Uma dieta equilibrada, rica em proteínas de qualidade (carne, peixe, ovos, leguminosas, laticínios) é fundamental para reconstruir e manter os músculos. Com o passar dos anos, o corpo precisa de mais proteína para o mesmo efeito, por isso vale a pena reforçar o consumo. 3. Suplementos podem ajudar Em alguns casos, pode ser benéfico incluir suplementos como:   Proteína whey Leucina (um aminoácido que estimula a síntese muscular) Vitamina D (especialmente se houver défice) Creatina (para aumentar a força e energia) Ómega-3 (ajuda a reduzir inflamações) Colagénio e magnésio, para o suporte do tecido muscular e articulações. Mas atenção: os suplementos devem ser sempre usados com orientação de um profissional de saúde. Sarcopenia ou atrofia muscular: qual a diferença? A atrofia muscular é um termo mais geral e significa a perda de massa muscular por várias razões, que podem acontecer em qualquer idade. A sarcopenia é uma forma específica de atrofia muscular associada ao envelhecimento e ao declínio da função muscular. Como prevenir a sarcopenia? É possível envelhecer com força, mobilidade e independência, e tudo começa com pequenos gestos no dia a dia. Manter os músculos ativos e bem nutridos faz toda a diferença.   Um estudo longitudinal publicado pela revista Ageing International, em 2025, analisou dados do UK Biobank e concluiu que a prática regular de atividade física de intensidade moderada a vigorosa reduz significativamente o risco de desenvolver sarcopenia em adultos de meia-idade.   O estudo destaca que apenas atividades de intensidade leve não apresentam o mesmo efeito protetor.   Eis, então, algumas dicas práticas:   Mexer-se todos os dias, nem que seja com caminhadas Fazer treinos de força adaptados à idade e condição física Ter uma alimentação rica em proteína e nutrientes Evitar o tabaco e o álcool em excesso Dormir bem e manter uma boa hidratação Consultar o médico com regularidade. Se

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